
O Dia Internacional do Museu, 18 de maio, é uma celebração global que busca reconhecer a importância das instituições culturais na preservação e disseminação de conhecimentos. Os museus desempenham um papel vital ao promoverem espaços de educação, reflexão e valorização cultural.
No Sul global, especialmente na América Latina, os museus têm uma relevância singular, sendo guardiões das histórias, arte e cultura de uma região com uma rica diversidade. Este dia também nos lembra da missão dos museus em preservar o patrimônio cultural e promover um entendimento mais profundo das culturas locais e globais.
Neste Dia Internacional do Museu, destacamos alguns dos museus mais conhecidos do Sul global, que não apenas preservam o patrimônio, mas também são instrumentos de transformação social e cultural.
Confira a seguir uma seleção de museus com foco na América Latina:
Museus do Brasil no Dia Internacional do Museu
1. Museu das Culturas Indígenas (São Paulo)

Localizado em Brasília, o Museu das Culturas Indígenas é um espaço dedicado à preservação e valorização da cultura indígena no Brasil. O museu apresenta uma coleção rica de artefatos, como cerâmicas, roupas tradicionais e objetos religiosos, que revelam a diversidade de mais de 300 etnias indígenas do país. Além de ser um centro de memória, o museu promove atividades educativas e culturais que incentivam o debate sobre as questões sociais, políticas e ambientais que afetam as populações indígenas.
2. Museu de Arte do Rio (Rio de Janeiro)
O Museu de Arte do Rio (MAR), localizado na zona portuária da cidade, é uma instituição que tem como missão valorizar a arte e a cultura visual com foco nas narrativas sociais e históricas do Brasil. Desde sua inauguração em 2013, o MAR se destaca por adotar uma perspectiva curatorial comprometida com a valorização de artistas negros, indígenas e periféricos, tensionando as lógicas eurocêntricas tradicionalmente presentes nos museus de arte. Com exposições que cruzam arte e educação, o museu promove um olhar crítico sobre a história brasileira, com destaque para sua atuação em territórios decoloniais e na promoção da justiça social por meio da arte.
3. Museu Cais do Sertão (Recife)
Localizado no Recife, o Museu Cais do Sertão é um espaço que homenageia a cultura sertaneja nordestina, tendo como figura central o músico Luiz Gonzaga. Mais do que exaltar o folclore, o museu propõe uma abordagem contemporânea e sensível das identidades nordestinas, oferecendo uma experiência imersiva com sons, imagens e interatividade. Ao valorizar saberes populares, práticas culturais locais e a resistência de comunidades historicamente marginalizadas, o Cais do Sertão atua sob uma ótica decolonial, desafiando narrativas hegemônicas e reforçando o protagonismo do povo nordestino em sua diversidade.
4. Museu da Língua Portuguesa (São Paulo)
Reinaugurado em 2021 após um incêndio, o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, é um espaço vivo dedicado à celebração da língua como manifestação cultural dinâmica e plural. Com exposições que destacam a influência das línguas africanas e indígenas na formação do português falado no Brasil, o museu propõe uma abordagem crítica e decolonial do idioma, questionando a ideia de uma língua “pura” e reconhecendo os processos de mestiçagem linguística. Dessa forma, contribui para o reconhecimento da riqueza cultural dos povos colonizados e suas contribuições fundamentais à identidade linguística brasileira.
5. Museu do Ipiranga (Brasil)

O Museu do Ipiranga, também conhecido como Museu Paulista, é um dos museus mais emblemáticos do Brasil. Localizado em São Paulo, é famoso por seu acervo histórico que remonta à independência do Brasil. O museu é um importante ponto de visitação para quem deseja entender mais sobre a história do país e o processo de independência. O prédio, que foi o local onde Dom Pedro I proclamou a independência, preserva relíquias valiosas que ajudam a contar a história do Brasil.
6. Museu Afro-Brasileiro da UFBA (Bahia)
Localizado em Salvador e vinculado à Universidade Federal da Bahia, o Museu Afro-Brasileiro é um espaço emblemático para a valorização das culturas de matriz africana no Brasil. Seu acervo reúne peças de arte sacra afro-brasileira, objetos do cotidiano, esculturas e instrumentos musicais que evidenciam a influência dos povos africanos na formação da identidade nacional. O museu propõe uma abordagem decolonial ao destacar epistemologias africanas, confrontar narrativas eurocêntricas e promover o protagonismo negro na história, na arte e na educação. É também um importante espaço de diálogo entre pesquisa acadêmica e saberes ancestrais.
7. Museu da Amazônia – MUSA (Manaus)
Situado em Manaus e inserido na floresta, o Museu da Amazônia é um local vivo que valoriza os conhecimentos ecológicos, científicos e culturais da região amazônica. Com trilhas guiadas por educadores e lideranças indígenas, exposições sobre biodiversidade, linguagens e cosmologias locais, o MUSA rompe com visões exotizantes da Amazônia, promovendo um olhar decolonial sobre o território. Ao integrar ciência e cultura sob a ótica das populações tradicionais e originárias, o museu estimula uma reflexão crítica sobre meio ambiente, ancestralidade e os impactos históricos do colonialismo na região.
Museus da América Latina no Dia Internacional do Museu
8. Museo de Oro (Colômbia)

O Museu do Ouro, localizado em Bogotá, Colômbia, é um dos museus mais visitados da América Latina. O museu abriga uma das mais importantes coleções de artefatos pré-colombianos do mundo, com um acervo que inclui peças de ouro e cerâmica das culturas indígenas que habitaram a região andina. O Museu do Ouro é fundamental para a preservação das histórias dos povos indígenas da Colômbia e promove a educação sobre as culturas originárias.
9. Museu Nacional de Belas Artes (Cuba)
Localizado em Havana e fundado em 1913, seu patrimônio artístico é um dos mais importantes do Caribe. Repleto de obras que contam a história da arte cubana, o museu também possui um espaço de teatro, expandido seu repertório de artes no país.
10. Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba) (Argentina)
O Malba é um dos museus mais relevantes para a arte moderna e contemporânea da América Latina. Fundado em 2001, o Malba abriga uma coleção de obras de artistas latino-americanos contemporâneos, com destaque para nomes como Frida Kahlo, Diego Rivera e Tarsila do Amaral. Além de seu acervo permanente, o museu realiza exposições temporárias que exploram novas produções artísticas da região e promovem um diálogo entre arte e questões sociais contemporâneas.
11. Museo de Antropología (México)
O Museo de Antropología, localizado na Cidade do México, é um dos museus mais importantes do país e da América Latina. Com uma vasta coleção de artefatos arqueológicos e etnográficos, o museu oferece uma visão detalhada sobre a história das civilizações indígenas mesoamericanas, como os astecas e maias. O museu também apresenta exposições sobre as culturas indígenas contemporâneas, promovendo um espaço de reflexão sobre a identidade cultural do México.
12. Museu Frida Kahlo (México)
Conhecido como “La Casa Azul”, o Museu Frida Kahlo está localizado na Cidade do México, na casa onde a artista nasceu, viveu e morreu. O espaço preserva objetos pessoais, obras de arte e ambientes que revelam a complexa trajetória de Frida — marcada por sua identidade mestiça, suas dores físicas, militância política e expressão artística singular. Mais do que um museu biográfico, o espaço promove uma leitura decolonial da arte latino-americana, ao valorizar elementos da cultura indígena, do corpo dissidente e da resistência feminina, tornando-se símbolo da afirmação de identidades que desafiam padrões coloniais e eurocentrados.
13. Museu da Memória e dos Direitos Humanos (Chile)
Inaugurado em 2010 em Santiago, este é um espaço fundamental para reconhecer e refletir sobre as violações cometidas durante a ditadura militar chilena (1973–1990). A partir de arquivos, testemunhos, fotografias e instalações audiovisuais, o museu resgata a memória das vítimas e promove a cultura de paz, justiça e democracia. Sua proposta decolonial está na recusa ao apagamento histórico e na valorização das vozes silenciadas pelo Estado, evidenciando as marcas do autoritarismo na América Latina e o papel da memória como ferramenta de resistência e transformação social.
14. Museu Arqueológico Rafael Larco Herrera (Peru)
Fundado em 28 de julho de 1926, no Dia da Independência do Peru, o museu conta com milhares de peças e obras do período pré-colombiano. Seu nome homenageia um dos principais arqueólogos do país, que realizou inúmeras viagens em busca de peças para compor o acervo do local.

Museus da imigração no Sul Global
A seguir, destacamos a importância dos museus que abordam a história da imigração e suas contribuições para a formação das sociedades modernas. A imigração tem sido um ponto importante na construção da identidade de muitos países, especialmente na América Latina, onde diferentes ondas migratórias deixaram um legado cultural significativo.
15. Museu da Imigração (Brasil)
Localizado em São Paulo, o Museu da Imigração está instalado na antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás, que funcionou de 1887 até a década de 1970 como um ponto de acolhimento para imigrantes que chegavam ao Brasil. Este museu oferece uma visão única sobre as histórias de migração, com foco nas experiências de italianos, portugueses, espanhóis, árabes, entre outros grupos. Por meio de exposições interativas e acervos documentais, o museu permite que os visitantes se conectem com o passado e entendam as condições e desafios enfrentados pelos imigrantes que ajudaram a construir o Brasil.
16. Museo de la Inmigración (Argentina)
O Museo de la Inmigración, localizado em Buenos Aires, funciona no prédio histórico que abrigou o Ministério do Interior e também foi uma hospedaria de imigrantes. O museu apresenta a rica história dos migrantes que chegaram à Argentina, com destaque para os europeus que vieram em grandes ondas no final do século XIX e início do século XX. Suas exposições incluem documentos, fotografias e objetos pessoais que ilustram a diversidade das culturas que moldaram a identidade argentina.
17. Museo de la Memoria y los Derechos Humanos (Uruguai)
Em Montevidéu, o Museo de la Memoria y los Derechos Humanos oferece uma abordagem mais ampla, incluindo a imigração como um tema central em seu esforço para preservar as memórias das experiências históricas e de luta pelos direitos humanos no Uruguai. Embora se concentre mais na ditadura militar e nos direitos humanos, o museu também dedica um espaço considerável para refletir sobre a imigração e a diáspora, elementos fundamentais na formação da sociedade uruguaia. Através de exposições e iniciativas culturais, o museu proporciona uma compreensão sobre a influência das diferentes comunidades que chegaram ao país ao longo dos anos.
A importância dos museus no Dia Internacional do Museu
Os museus do Sul Global, especialmente os da América Latina, desempenham um papel fundamental na preservação da cultura e das histórias locais, além de promoverem um espaço de reflexão sobre questões contemporâneas.
O Dia Internacional do Museu é uma oportunidade para reconhecermos a relevância desses espaços como catalisadores do diálogo cultural, educação e cidadania global. Ao visitarmos lugares como o MASP, o Museu das Culturas Indígenas ou o Museo de Oro, não estamos apenas aprendendo sobre arte, mas também conectando-nos com as diversas narrativas que formam nossa história coletiva.
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