O Dia Mundial Humanitário, celebrado em 19 de agosto, é uma data dedicada para reconhecer o trabalho dos profissionais e das organizações humanitárias que atuam em áreas de crise ao redor do mundo.
A data foi estabelecida com o intuito de celebrar a memória dos trabalhadores humanitários que perderam suas vidas em missões de resgate e ajuda, como o atentado à sede da ONU em Bagdá, em 2003, que vitimou 21 trabalhadores, incluindo o brasileiro Sérgio Vieira de Mello.
Todos os anos, o Dia Mundial Humanitário é uma oportunidade e um convite para a reflexão acerca dos inúmeros desafios globais enfrentados diariamente por milhões de pessoas que vivem em condições de refúgio e migração, obrigadas a deixar seus lares por conta de desastres naturais, perseguições e conflitos.
Dia Mundial Humanitário e a causa do refúgio
Nos últimos anos, principalmente devido à conflitos geopolíticos e desastres ambientais, presenciamos um aumento dos fluxos migratórios forçados pelo mundo, especialmente em regiões do Sul global.Esse movimento reflete e impacta diretamente as mudanças políticas, econômicas e sociais que afetam essas pessoas.
Segundo o ACNUR, até o final de 2024, havia cerca de 123,2 milhões de pessoas deslocadas à força no mundo, incluindo refugiados, deslocados internos e solicitantes de asilo. Além disso, na última década, o número de refugiados praticamente dobrou.
Como dito anteriormente, fatores como guerras, desigualdade, escassez de recursos naturais e violações de direitos humanos são algumas das principais causas que incentivam o refúgio.
Exemplos atuais:
- A guerra civil no Sudão, que se iniciou em 2023, desencadeou uma grave crise humanitária, fazendo com que o país se tornasse o epicentro do deslocamento forçado, com 14,3 milhões de pessoas deslocadas, superando a Síria, que possui 13,5 milhões de deslocados.
- Em apenas seis meses, o número de deslocados pelo conflito no Haiti aumentou 24%. Segundo a Organização Internacional para Migrações (OIM), cerca de 1,3 milhão de haitianos foram forçados a deixar suas casas devido à violência das gangues, com 85% da capital, Porto Príncipe, sob controle de criminosos.
- A crise política e social da Venezuela fez com que mais de 5,4 milhões de venezuelanos deixassem seu país em busca de abrigo, geralmente em países vizinhos da América Latina. Atualmente, há mais de 800.000 solicitantes de refúgio da Venezuela no mundo.
- A crise no Afeganistão, que foi intensificada pela tomada do poder pelo Talibã em 2021, resultou em um dos maiores fluxos migratórios do mundo: aproximadamente 3,25 milhões de indivíduos foram forçados a se deslocar devido ao conflito. Além disso, cerca de 5,3 milhões de afegãos vivem como refugiados em países vizinhos.
Em todos esses casos, a política internacional desempenha um papel essencial nas abordagens relacionadas a estes fluxos migratórios. Com a ascensão da extrema-direita e de políticas anti-imigração no mundo, é crucial que haja organizações e movimentos sociais que visam confrontar medidas restritivas e discriminatórias contra refugiados e imigrantes.
Os países que recebem um grande número destes refugiados também desempenham uma função importante, adotando abordagens colaborativas e acolhedoras para lidar com os fluxos migratórios.
A importância do Dia Mundial Humanitário é, portanto, um chamado à ação global, lembrando que, além das questões políticas e sociais que envolvem a migração, está o sofrimento humano que precisa ser acolhido com empatia e solidariedade.
As organizações humanitárias, muitas vezes presentes nas linhas de frente, buscam garantir a segurança e dignidade dos refugiados e migrantes, oferecendo apoio essencial como assistência médica, alimentação e abrigo.
Este dia também reforça a necessidade de soluções políticas mais inclusivas e eficazes que combatam as causas da migração forçada e proporcionar melhores condições de vida para aqueles que são forçados a abandonar tudo para sobreviver.
No Dia Mundial Humanitário, reforçamos a missão da Abraço Cultural: uma instituição que cria oportunidades de integração social, cultural e econômica para pessoas em situação de refúgio ou em processo migratório vulnerável no Brasil. Por meio da educação, transformamos a diversidade de culturas em possibilidades para quem chega de fora, mas também para quem já está aqui.
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