#1 Origem:
Os dois tiveram origem em contextos periféricos e racializados e foram influenciados pelo hiphop estadunidense.
O funk carioca nasceu nas favelas do Rio de Janeiro em meados dos anos 1980, com a influência direta dos estilos musicais estadunidenses do soul, miami bass, freestyle e o eletro. O reggaeton é um gênero que se originou também no fim do século XX nas comunidades populares do Porto Rico e do Panamá, a partir da influência e da confluência de elementos do reggae, do rap, do hip hop e da salsa.
A pesquisadora Clara Marins Monteiro, em seu artigo “Funk e reggaeton: uma periodização histórica compartilhada” chama atenção para que, ainda que o reggaeton e o funk tenham se constituído “enquanto gêneros musicais híbridos que aglutinam um pouco da estética norte-americana”, estes não podem ser considerados cópias do hip-hop norte-americano, mas, sim, “ressignificações desse gênero estadunidense a partir de releituras musicais ligadas às diásporas africanas, experiências subalternas e a outros ritmos musicais dos locais de onde saíram, como a salsa e o samba, por exemplo.”
#2 Temas:
São estilos muito animados e suas festas, os bailes e os perreos, podem ter mais semelhanças do que imaginamos. Ao mesmo tempo, tanto o funk quanto o reggaeton tratam politicamente de assuntos aos quais essas comunidades são expostas diariamente, como a violência, a pobreza e a vida na periferia de grandes centros urbanos, sendo a música uma ferramenta potente de expressão e luta para a melhoria das realidades destes territórios.
#3 Estigma social:
Quando os estilos passaram a ocupar espaços para além das comunidades, foram alvo de críticas, proibições e censura por parte de uma parcela mais conservadora da sociedade, já que muitas músicas também têm como inspiração o sexo.
“Ao criminalizarem o funk e o estilo de vida daqueles que se identificam como funkeiros, os que hoje defendem sua proibição são os herdeiros históricos daqueles que perseguiam os batuques nas senzalas, nos fazendo ver, de modo contraditório, as potencialidades rebeldes do ritmo que vem das favelas.” (FACINA, 2009, p. 2)
“Somente quando o ritmo conquista espaço nas emissoras de rádio e em outros meios de comunicação que outros nichos da população começam a vê-lo como um problema social. Isto significa que não é relevante para a sociedade porto-riquenha se a violência cantada pelos reggaetoneros é vivida por aquelas comunidades. O que importava para a opinião pública é que as letras são violentas e obscenas, e, portanto, deveriam ser escondidas.” (Clara Marins Monteiro, em seu artigo “Funk e reggaeton: uma periodização histórica compartilhada”)
E aí, você já tinha pensado nessa relação entre o funk carioca e o reggaeton?